O acordar firme de Maria Floriza Veríssimo Brandão expõe o belo reluzir da vida no Alto Jequitinhonha, atravessando o corpo amplo de coragem. Dona Floriza recebe a luz do Vale em casa, que pela janela invade e alcança o rigor de pequenas glórias. “Preciso fazê o dia rendê. É muita mandioca pra cascá, lavá, ralá e torrá. Todo dia eu agradeço Nossa Senhora a saúde e disposição para o trabalho”. No Quilombo Ausente a noite precisa ser tranqüila e a reza verdadeira o bastante para valer a honra: Floriza aprende com o vento que passa e com o fogo que permanece. “Já acostumei, vou distraindo a vida.”

Dona Maria Floriza Veríssimo Brandão é uma das histórias retratadas por Lori Figueiró no livro “Mulheres do Vale: substantivo feminino”, um registro emocionante que revela, pelo olhar do fotógrafo,a beleza e a força de diversas mulheres do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, numa pluralidade de facetas, de cores, de luzes, de sensações, de vidas.

Paula Pessoa, 14 de agosto de 2019

Maria Floriza Veríssimo Brandão, Ausente, Serro, fevereiro de 2015