Meu primeiro “deságuar” publicado nas Geraes de João Rosa

Ontem foi o dia do livro, mas o meu celebrar essa data é hoje, pois andava muito imersa nas aulas de revisão para minhas meninAs e meninos que irão fazer ENEM domingo próximo.

Estou morando com minha filha Olívia nas Geraes do amado João Rosa quase dois anos, e essa terra que me deu um grande amor também me moeu feito milho em moinho de ferro. Mas hoje eu quero agradecer, e falar de colheita, pois o plantio foi feito desde outras vidas…

Ancestralidade. Nada em Minas me é novo, é tudo REencontro, sempre foi assim desde que em 2011 eu pisei esse chão pela primeira vez nessa existência. Quanta dor, quanto aprendizado e quanta alegria em viver aqui, em deixar meu olhar vagar até se perder pelas grutas, montanhas e cachoeiras dessas Geraes – geradora de amor e encantamentos. Recebi do amigo artista, fotógrafo, escritor e memorialista Lori Figueiró o seu mais novo livro “MULHERES DO VALE – SUBSTANTIVO FEMININO”, com a publicação de um texto meu, o primeiro publicado em solo Roseano…quanta alegria para meu medíocre ser! Nós mulheres devemos festejar cada pequena e ou grande conquista, celebrar com o maior e melhor sorriso cada desabrochar de nossas, geralmente, despretensiosas sementes.

O meu texto é poético, estético… é do sensível! Quem me conhece sabe muito bem que desde sempre, o belo (enquanto categoria artístico-filosófica) e o transcendente me consomem a existência, tenho uma relação estética muito estreita com o feio, a tristeza e a solidão; não as repulso, acolho e cuido como parte de minha fragmentação, como constituição de um ser que está sempre buscando…se refazendo…caminhando. Ter um deságuar meu escoando pelas veredas de uma obra, onde a mulher, esse SER TÃO sábiA, e o seu feminino, são rios e riachos que conduzem a fertilidade, a vida, e é o que há de mais sublime em mim atualmente.

Estive no Vale do Jequitinhonha duas vezes, e não encontro palavras para dizer da grandeza daquele lugar e de sua gente. Não há. Tem que sentir. E na maioria das vezes eu só sei sentir. Tenho tanto pra dizer e tanto para agradecer, que as palavras me parecem insuficientes, por vezes rasas demais, pois é a transcendência que me alumia o caminho, é o para além dos sentidos conhecidos que comanda o meu movimento.

Gratidão Lori Figueiró “íris de pétalas”, por deixar-se banhar, molhar, inundar-se pelo feminino.

OBS: Essa e outras obras do mineiro Lori Figueiró podem ser “sentidas” no seu sertão virtual –

Ana Claudia Isidorio, 30 de outubro de 2019

Congado de Nossa Senhora do Rosário, Chapada do Norte, outubro de 2016