Fui juntamente com Guilardo Veloso ver a exposição “Desde o chão do Jequitinhonha”, de Lori Figueiró, no Espaço Cultural da Cemig, na rua Gonçalves Dias, no bairro Funcionários. São objetos do cotidiano, fotografias pungentes que retratam a claridade dos dias, sem que se esqueça a festa, a alegria do povo do vale, fotografias de alguns amigos como Tião Roque, Maria Lira, Natalina. De qualquer forma o vale está aqui, presente no coração da capital do planeta.
Tão logo cheguei em casa, escrevi o poema e dei-lhe o mesmo nome da exposição. Com um certo esforço produzir cultura é algo bem possível de implementar, basta ter ideia, conhecimento de causa e ser viajado, pois o ser que viaja é capaz de aglutinar experiências que permitem a um secretário de cultura, por exemplo, desenvolver robustas ações culturais.
DESDE O CHÃO DO JEQUITINHONHA
Para Lori Figueiró
Desde
O chão
Do
Jequitinhonha
Imagens cruas
Desafiam os olhos
Uma claridade
Que perpassa os sentidos
Poeira
Terra vermelha
Sorriso
Sem dentes
Canoa
Atravessando
O rio
O rio
É a memória
O sonho mineral
Do povo numa bateia
O rio
É a memória
O lugar comum
Peixe seco secando ao sol
Chão
Argila
Barro
Bonecas
Parecendo gente
Cláudio Bento, Belo Horizonte setembro 2021
Nuno Alves Jardim, Coronel Murta, setembro de 2012