Eu sou completamente apaixonada pelas fotografias do Lori Figueiró!
Apaixonada, pois, através dessas fotos, eu percebo a ação do tempo.
Ação essa que, vez ou outra, eu travo atritos e não aceito bem o distanciamento
Olhar essas fotos e perceber que algumas dessas pessoas já não fazem parte da minha cotidianidade vivida, me causa um certo desconforto.
Deixa a vida menos doce, menos sentida.
O tempo, trás pessoas o tempo todo
E no mesmo ritmo, ele também nos leva!
Eu sou sensível demais à esse tipo de antagonismo, confesso.
Através dessas imagens, eu vejo toda a minha infância.
As idas ao rio bonsucesso para lavar roupas
Ou como bem diz mãe “o bon’oncesso”.
Eu vejo as nossas idas noturnas para o engenho moer cana e fazer rapadura.
Eu vejo a casa de todos os vizinhos,
todas as casas repletas de símbolos religiosos e ternura.
Eu vejo o sincretismo religioso.
Eu vejo colo, biscoito de polvilho,
Eu vejo o gostoso
O que mais sinto com essas representações, é a necessidade e desejo de voltar para debaixo da asa!
Sabe aquilo de conhecer o mundo, mas não esquecer do quintal de sua casa?
Lori sacraliza o cotidiano!
Sou encantada por tudo que tenho ao alcance, ao lado
Me sinto acolhida por um presente/passado
Que delícia e urgente, é o cotidiano sacralizado!
Me sinto uma criança que poderia correr para o colo de qualquer uma dessas senhoras das comunidades vizinhas
Sentar no colo esperando um prato de comida ou que me fizesse dezenas de trancinhas.
Sempre serei grata por poder ver no rosto de todas essas mulheres, uma vó Menan, uma dinha Maria, uma “Mari’inha”.
A gente pode florescer em qualquer lugar que decidir se plantar.
Mas, eu sinto que a minha raiz, vai tá sempre, SEMPRE lá!
Obrigada Lori Figueiró!
Jana_retratos, 10 de abril de 2022
Elizabeth Rodrigues Costa, Macuco, Minas Novas, janeiro de 2020