Retratos do Vale do Jequitinhonha pelas lentes de Lori Figueiró

Foi em uma exposição no Centro Cultural da UFSJ, no ano de 2019, que conheci o trabalho do fotógrafo mineiro Lori Figueiró. A mostra “Sementes da Terra Maturada”, que tinha como protagonista a ceramista Lira Marques, ocupou a Galeria Principal do Solar da Baronesa. Lira é um símbolo do Vale do Jequitinhonha, e em palavras de Lori: “Lira emprega vida ao pó e colore seu destino na esperança de mudar o rumo dos demais”. Como uma fotógrafa apaixonada, troquei algumas palavras com Lori e recebi um de seus livros “Afloramentos”, que guardo com imenso apreço. Desde então, passei a acompanhar os retratos da comunidade do Vale do Jequitinhonha, realizados pelo fotógrafo, que expressam a arte, o afeto e a esperança; as tradições estampadas e a fé tão viva; a poesia fotográfica de Lori. Sua missão consiste em acolher, registrar e eternizar histórias. De acordo com o fotógrafo, a maior riqueza do Vale do Jequitinhonha é o seu povo, e sua força motriz são as mulheres. Em uma conversa com o artista, ele me conta que sempre gostou de observar e refletir sobre os saberes e fazeres dos Mestres e Mestras da Cultura Popular. Lori fala da importância da fotografia no sentido de preservação da memória. “Numa região em que a grande maioria das pessoas não têm uma fotografia dos seus antepassados, procuro captar imagens em que os fotografados possam se reconhecer nelas, e que os seus saberes e fazeres sejam passíveis de contemplações, possibilitando, quem sabe, a preservação e perpetuação de seus costumes e histórias”. O trabalho do fotógrafo sensibiliza e para ele a fotografia, como toda arte, proporciona conforto e alento. “Fotografia é sensibilidade, intuição. O fotógrafo precisa saber estar presente na vida das pessoas e também saber quando se ausentar, e principalmente, ter a compreensão de que é preciso estabelecer cumplicidades.

Sobre o fotógrafo

Lori Figueiró é fotógrafo, natural de Diamantina (MG) e membro fundador do Centro de Cultura Memorial do Vale. Dentre os trabalhos realizados estão as mostras fotográficas: “Dona Helena e seus saberes”, “Vale: vida”, “D. Zefa, A Sacralização do cotidiano”, “Faces do Serro”, “Memórias da Cultura Jequitinhonha”, “Sementes da terra maturada”, “Acender do barro” e a mostra virtual “Semeaduras”. Em 2014, publicou o livro “Reflexos ao calor do Vale”; em 2016, os livros “Cotidianos no Sagrado do Vale” e “O espelho as lembranças: memórias do Vale”. “Sementes da terra maturada” em 2017, “Acender do barro”, “Salve Maria! Os tambores do Rosário” e “Afloramentos”, em 2018. “Das muitas formas de dizer o tempo” com poesias de Adri Aleixo, “Louvores, louvores! Os tambores do Rosário” e “Mulheres do Vale Substantivo feminino”, em 2019. Em 2020, “Sacralização do cotidiano” e “À luz do algodão”.

Thais Andressa, 30 de abril de 2021

Maria Floriza Veríssimo Brandão, Ausente, Serro, fevereiro de 2015