Não conheço Margarida

Foi num lançamento deste livro precioso “Mulheres do Vale Substantivo feminino”.

Não conheço Margarida – não, ainda. Mas foi num lançamento deste livro precioso “Mulheres do Vale Substantivo feminino”, em BH, que meus olhos pousaram na imagem dela, retratada por Lori Figueiró, e o fio das memórias familiares e das conexões decerto ancestrais começou a se desenrolar em mim.

Margarida é filha de Mestres Maria José e Ulisses Pereira, internacionalmente conhecidos pela arte do trabalho em cerâmica – o mesmo por meio do qual minha avó Maria Pereira e meu avô Antônio Alves Ferreira, nas primeiras décadas do século passado, na mesma Santo Antônio de Caraí (Vale do Jequitinhonha), sustentaram a família graças à qual aqui estamos.

A memória do ofício de fazer as “panelas de barro” – desde a colheita do barro (argila), da distinção entre suas diferentes qualidades, passando pela manipulação do mesmo, pela moldagem dos objetos a partir dele, o cozimento, até a venda à beira da estrada, para auferir o mínimo de para o “de comer” – tudo isto é avivado e chegou até nós pelas narrativas de minha mãe, Emerenciana Alves.

Ela, que ao receber o livro e ser perguntada sobre Margarida, custou a crer que se tratava da filha de cumpadre Ulisses, com quem fora criada, e cumadre Maria de quem lembrou e falou muito especialmente emocionada. Fomos pesquisando pela rede e tal não foi o impacto dela ao ver imagens destes dois e suas/seus filhas/os!

Sempre agradecida, Lori!
Gratidão também à querida Nila Rodrigues Barbosa, por meio de quem conheci Lori e o seu trabalho especialíssimo.

Josemeire Alves, 02 de junho de 2021

Margarida Pereira da Silva, Santo Antônio, Caraí, maio de 2021